24 de setembro de 2009

O Custo da Saúde nas Empresas

No mês de agosto (dia 03), aconteceu em São Paulo o Fórum Você RH - Gestão Estratégica de Saúde que reuniu cerca de 400 profissionais para discutir o tema. Eu, infelizmente, não pude ir devido a compromissos pessoais (meu filho nasceu!) e acabei meio que esquecendo de postar sobre o assunto até que o informe publicitário desta semana na Você SA me lembrou do evento e dos comentários dos colegas que lá estiveram.

O problema dos custos em Saúde não é de forma alguma novo, mas só recentemente tem atraído efetivamente a atenção das empresas. A Saúde é o segundo maior custo das grandes empresas, ficando atrás apenas da folha de pagamento. A tendência é de crescimento: em 2002, os gastos com plano de saúde chegavam a 6% do da folha, enquanto que em 2009, a previsão é que ultrapasse os 10%. Para entender porquê deste aumento, temos que entender um conceito na verdade muito simples, mas que a maioria dos profissionais envolvidos com o tema (gestores, profissionais de RH e profissionais de saúde, inclusive muitos médicos) desconhecem, que é o de "inflação médica". E o que significa isso? Bom, é resumidamente o seguinte: os custos de saúde crescem numa velocidade acima dos índices geralmente usados para medir a inflação "normal". isto acontece por vários motivos: um deles é que, se por um lado a a tecnologia médica avança a passos largos em nossos dias, por outro muitos dos avanços não substituem inteiramente as tecnologias anteriores. Por exemplo, se você está com dor no ombro e vai ao ortopedista, ele primeiro pede um raio X, para depois pedir uma tomografia computadorizada e por fim pedir uma ressonância daquele ombro. Nenhum dos exames é desnecessário: o que acontece é que o raio X fornece informações que que a tomografia e a ressonância simplesmente não dão, de forma semelhante, a tomografia dá informações que a ressonância não dá. Os três exames, aqui neste exemplo, representam etapas distintas do processo de investigação diagnóstica, não sendo possível "pular" etapas sem limitar as informações obtidas e, desta forma, aumentando a margem de erro no processo diagnóstico.

Outros fatores que contribuem para a elevação dos Custos de saúde em percentuais bem acima da variação da inflação são: os custos com materiais e medicamentos, as doenças da modernidade, o envelhecimento e o aumento da expectativa da população (que já abordamos em outro post - link abaixo). A respeito do o aumento da expectativa da população, é interessante notar que este é, em grande parte devido justamente aos crescentes avanços tecnológicos da Medicina que disponibilizam novos métodos de diagnóstico e tratamento, encarecendo o processo. Não vou entrar em maiores detalhes para não ficar muito técnico, o que é importante deixar bem claro aqui é que, dentro do cenário atual, os custos diretos de Saúde tendem a subir, num ritmo maior que a inflação. Este é um ponto.

Outro ponto muito importante é este: os custos indiretos de Saúde são muito maiores do que os custos diretos - e são muitas vezes negligenciados pelos gestores. Mas o que são custos indiretos em Saúde? É o velho conhecido dos profissionais de RH, o absenteísmo, mas também o presenteísmo, ou seja, a perda de produtividade com funcionário presente. Um estudo americano mostrou que 76% dos custos indiretos em Saúde estão relacionados com a perda de produtividade. Ou seja: funcionário doente trabalha mal, simples assim.

Entendendo-se estes dois pontos, fica bem claro que o gerenciamento adequado dos custos de Saúde é fonte de ganho para todos os envolvidos: para empresa, que economiza e aumenta a sua produtividade, para as operadores, que garantem carteiras viáveis, e para o próprio funcionário, que ganha em Qualidade de Vida.

Fonte: Blog Qualidade de Vida e SIPAT
Autor: Dr. Noé Alvarenga

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