5 de junho de 2008

É mais fácil ser ecológico se atitude gera economia (Dia Mundial do Meio Ambiente)

Autor: Floyd Norris
Tradução: Paulo Migliacci ME
The New York Times

Os preços importam, e os norte-americanos subitamente estão tentando economizar energia de maneiras esquecidas desde o começo dos anos 80. Uma maneira rápida de economizar gasolina é usar menos o carro.
Em momentos normais, o número de quilômetros percorridos de carro nos Estados Unidos aumenta a cada ano, já que mais e mais pessoas adquirem carros e que os custos da habitação forçam as pessoas a morar cada vez mais longe de seus empregos. Mas a Administração Rodoviária Federal estima que em março ¿ o mês mais recente para o qual existem dados disponíveis - os veículos norte-americanos tenham percorrido 396 bilhões de quilômetros. Continua a ser um total impressionante, mas representa queda de 4,3% ante o mesmo mês no ano anterior.
Comparações mensais podem ser incertas, já que as mudanças em datas de feriados e no clima ocasionalmente exercem grande impacto sobre os números, e têm pouca relação com uma decisão consciente de usar menos o automóvel. Mas a tendência parece ter surgido no final do ano passado. Nos 12 meses até março, o total de quilômetros percorridos de carro - 4,8 trilhões - ficou quase 1% abaixo do total para os 12 meses equivalentes no período anterior.
A MasterCard SpendingPulse, que avalia dados de postos de gasolina, reporta que no dia 23 de maio, a sexta-feira antes do Memorial Day (feriado dos dia dos mortos de guerra norte-americanos), o volume de gasolina adquirido este ano foi 7,6% menor do que no mesmo dia em 2007.
Os motivos para a queda parecem claros. Uma economia em desaceleração pode ser parte da história, mas parte ainda mais importante é desempenhada pelo fato de que número maior de norte-americanos optam por ficar em casa, quando o preço da gasolina supera US$ 1,10 por litro.
O Conference Board perguntou aos consumidores do país, em abril, sobre seus planos de férias nos seis meses seguintes, e descobriu que a porcentagem dos que pretendem tirar férias de carro representa um recorde de baixa. Os preços da gasolina estavam mais baixos, então, de modo que o número pode ser ainda menor quando a pesquisa for repetida, em junho.
Os declínios na tendência de uso de automóvel tendem a acontecer em momentos de rápida alta no preço do petróleo. E mesmo levando em conta os efeitos da inflação, os preços do petróleo são hoje muito mais altos do que em qualquer momento do passado.
Os ambientalistas, que estão há anos insistindo em medidas de conservação, subitamente começam a ser ouvidos. "Al Gore produziu aquele filme chamado Uma Verdade Inconveniente em 2006, quando as vendas do Hummer ainda eram altas", disse Robert Barbera, economista chefe da ITG. "A verdade inconveniente real é a de que os preços importam. Com a disparada nos preços da gasolina, Gore vai conseguir o colapso que previa nas vendas dos Hummer, mas não porque se pessoas se tornaram mais ecológicas; elas simplesmente não querem pagar pela gasolina".
Há outras maneiras de economizar gasolina, como morar mais perto do trabalho ou adquirir um veículo que consuma menos combustível. Os preços de venda de carros usados que consomem muito combustível estão despencando, enquanto os modelos pequenos e híbridos estão em alta demanda.
Mas demorará um pouco até que todos os carros de alto consumo saiam da estrada, de modo que a média de consumo de combustível dos veículos nas estradas só vai melhorar lentamente.
Em longo prazo, os preços mais altos provavelmente conduzirão a um aumento na oferta, ao uso de fontes alternativas de energia e a muitas medidas adicionais de conservação, como aconteceu uma geração atrás.
Mas no futuro imediato, a disparada nos preços do petróleo agirá como imposto sobre o consumo ¿ e boa parte do dinheiro será destinada ao Oriente Médio, a nações que pouco ou nenhum uso têm para esse capital.
Isso torna ainda mais provável uma recessão nos Estados Unidos, com a queda na demanda por diversos produtos, enquanto a alta na inflação limita as opções do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).

Nenhum comentário: