31 de março de 2008

Acidente de trabalho: dano moral precisa ser comprovado para gerar indenização

Fonte: TST - Tribunal Superior do Trabalho05/03/2008 09h35

A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho absolveu a Liquigás Distribuidora S.A. da condenação por danos morais pelo acidente de trabalho sofrido por um ajudante de caminhão da empresa. O ministro Ives Gandra Martins, relator do processo, votou no sentido de reformar o acórdão do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região (PR) por entender que não ficou comprovada a culpa da empresa no acidente nem a ocorrência do dano moral.
O ajudante foi admitido em 1987. Em julho de 1991, ao realizar uma entrega de emergência numa residência, escorregou em madeiras úmidas e torceu o joelho direito quando carregava um botijão de gás sobre as costas.
O acidente, conforme alegou, ocasionou um trauma de caráter definitivo. Segundo laudo médico, o empregado sofreu lesão no menisco, e necessitou de tratamento cirúrgico. Esse fato redundou na perda de capacidade de trabalho para a função que exercia. Na reclamação trabalhista, o empregado afirmou que, mesmo após o acidente, por exigência da empresa, continuou a trabalhar até a época da cirurgia (cerca de 45 dias após o acidente), o que agravou a lesão sofrida no joelho.
Ainda assim, a empresa o demitiu em outubro de 1991. Inconformado, principalmente pelo fato de ter sido demitido quando ainda estava licenciado de suas atividades, o empregado ajuizou a reclamação com o objetivo de ter reconhecido o acidente de trabalho e ser indenizado pela demissão injusta, por estar em gozo de estabilidade acidentária.
A Vara do Trabalho de Araucária (PR) julgou improcedentes os pedidos e absolveu a empresa do pagamento de quaisquer verbas, o que levou o empregado a recorrer ao TRT/PR. No Regional, a empresa foi condenada a pagar o equivalente a 25% da última remuneração, até que o trabalhador completasse 65 anos de idade, e indenização de R$ 30 mil pelo acidente de trabalho. A Liquigás, ao discordar da decisão, recorreu ao TST buscando revertê-la.
A Sétima Turma, ao analisar o recurso de revista, entendeu que a empresa não pode ser obrigada a arcar com indenização por dano a que não deu causa, pois não restaram comprovados no processo os elementos evidenciados da responsabilidade civil, ou seja, a existência de culpa (responsabilidade subjetiva) e a ocorrência efetiva do dano moral. “Para o dano moral, seria necessário verificar a repercussão da lesão na imagem, honra, intimidade e vida privada do indivíduo”, observou o ministro Ives Gandra. “As seqüelas de um acidente ocorrido ou de uma doença adquirida no trabalho podem comprometer a imagem da pessoa, dificultar-lhe o desenvolvimento de sua vida privada, infligindo-lhe sofrimento psicológico ligado a bens constitucionalmente protegidos.
Nesse caso, e por esse fundamento, a lesão merecerá uma reparação além daquela referente ao dano material sofrido. Do contrário, as indenizações se confundiriam”, concluiu.

Fonte: TST - Tribunal Superior do Trabalho

Energia limpa é o novo desafio para a ciência

Autor: Ulisses Capozoli

Desde que o Prêmio Nobel sueco Svant Arrhenius tocou o problema pela primeira vez, até que um climatologista norte-americano confirmasse experimentalmente suas previsões, passaram-se exatos 112 anos. Foi em 1863 que Arrhenius escreveu sobre o risco de o clima da Terra ser alterado pelas crescentes emissões de dióxido de carbono liberadas pela atividade industrial.
O artigo de Wallace Broecker, do Observatório Geológico Lamont-Doherty, nos Estados Unidos, apareceu em 1975, numa edição da revista Science, órgão da Associação Americana para o Avanço da Ciência, a AAAS.

Broecker, provavelmente sem conhecer o texto de Arrhenius, retomou as idéias do sueco para explicar o registro de uma lenta subida observada nas médias das temperaturas globais. Ele descobriu o que foi popularizado como efeito-estufa, aquecimento da Terra pelo aprisionamento da energia solar que, com menor teor atmosférico de gás carbônico, era devolvida ao espaço em maior escala.

As temperaturas médias da Terra nunca foram as mesmas. Variações na radiação solar, eventual travessia de nuvens de poeira interestelar, uma perturbação no movimento de translação e mesmo atividade vulcânica têm sido apontados como as principais razões destas alterações. O ciclo atual de aquecimento, no entanto, na avaliação majoritária e crescente da comunidade científica internacional, é indiretamente produzido pelo homem. Mais espeficamente, pelas fontes de energia utilizadas pelo homem.

Desde que usou o fogo pela primeira vez, a humanidade começou, ainda que numa escala insignificante, a mudar a composição da atmosfera e, assim, dar sua própria contribuição para a variação climática, especialmente pela elevação da temperatura global média.

As mudanças significativas chegaram com a Revolução Industrial. Quando as máquinas a vapor começaram a se espalhar pelo mundo, por volta de 1750, a madeira era responsável por 90% da energia disponível no mundo. Os dados são de pesquisadores do Goddard Institute for Space Studies, nos Estados Unidos.

Por volta de 1890 o carvão mineral já superava a lenha e seu predomínio chegou até os anos 60. Isso significa que o carvão foi a fonte energética mais duradoura do controvertido século 20. A partir dos anos 60, começou o reinado do petróleo e esse predomínio estendeu-se até 1999. No penúltimo ano do século passado, o combustível líquido foi superado pelo gás e essa forma de energia deve estender-se por um longo tempo, ainda que sujeita a muitas transformações.

Do ponto de vista prático, a maior eficiência de cada um destes combustíveis, incluindo suas disponibilidades e especialmente facilidades de transporte, contribuiram para essas mudanças. Quanto ao impacto ambiental, como considera Seth Dunn, num trabalho (Descarbonizing the Energy Economy) publicado no State of the World -2001, do Worldwatch Institute, o relevante é a redução na emissão de dióxido de carbono por unidade de energia.

O carvão libera duas moléculas de carbono para cada uma de hidrogênio por unidade de energia, enquanto na lenha, essa relação é de dez moléculas de gás carbônico por uma de hidrogênio. Essa mudança, caracteriza Dunn, foi a primeira onda da descarbonização da energia, embora o impacto ambiental não fosse a preocupação intencional na substituição.

Com uma única molécula de carbono para duas de hidrogênio, o óleo combustível deflagrou a segunda onda de descarbonização. Mais eficiente, o gás natural desprende apenas uma molécula de carbono para cada quatro moléculas de hidrogênio. Essa fonte crescente de energia caracteriza a terceira e talvez última fase da descarbonização. Antes da difusão do hidrogênio, quando, finalmente, ninguém mais terá peso na consciência por queimar combustível num final de semana pelo simples prazer de pegar uma estrada e fazer deslocar continuamente a linha do horizonte.

Entre 1950 e 1999, a tonelagem de liberação de gás carbônico produzida por milhão de dólares de crescimento econômico em todo o mundo teve uma redução de 39%, caindo de 250 para 150 toneladas. Essa queda foi acentuada na década passada, quando a redução aproximou-se da taxa de 2% ao ano. É um comportamento promissor, mas nem por isso livre de problemas, como revelam dados do painel das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, reunindo uma equipe internacional de mais de 2 mil pesquisadores.

O problema, neste caso, é que o ciclo global do carbono é um dos processos mais complexos e por isso mesmo menos satisfatoriamente conhecidos pela ciência. Dados do painel sobre mudanças climáticas da ONU avaliam em 42 trilhões de toneladas o volume de gás carbônico confinado na biosfera, uma faixa de espaço que conecta a atmosfera e os oceanos. Os mecanismos que transferem porções do gás de uma a outra região da biosfera são ainda pouco conhecidos, ainda que tenha havido avanços nos últimos anos.

Investigações de bolhas de ar aprisionadas nas calotas polares do Ártico e da Antártida sugerem que aproximadamente 270 bilhões de toneladas de gás carbônico foram liberadas na atmosfera desde o início da Revolução Industrial pela queima de combustíveis fósseis. Os dados atuais são de um despejo anual de outros 6,3 bilhões de toneladas, volume só superado pela água, enquanto recursos manipulados pela humanidade. Os dados são de pesquisadores do Oak Ridge National Laboratory, nos Estados Unidos.

As amostras de gelo polar, especialmente as colhidas na base russa de Vostok, na Antártida, revelam que a quantidade de gás carbônico na atmosfera, medida em partes por milhão (ppm) é a maior dos últimos 420 mil anos. A base de Vostok, onde fica o Pólo da Inacessibilidade, na Antártida, é a região mais fria da Terra registrando temperaturas próximas de 90 graus Celsius negativos no início dos anos 1980. Em 1999, a concentração deste principal gás do efeito-estufa na atmosfera chegou a 368,4 ppm, contra 280 ppm em 1750. O crescimento foi de 32%, com quase a metade deste volume, 17%, concentrado apenas a partir de 1958.

Levantamentos feitos pelo mesmo Goddard Institute of Space Studies, um dos centros da pesquisa da agência espacial norte-americana (Nasa), avaliaram a subida na temperatura global média de 0,6 grau Calsius desde 1866. Este dado tem sido o ponto de partida para todas as análises de climatologistas que atribuem o aquecimento à atividade humana e não a processos naturais como a atividade vulcânica que também libera gás carbônico, além de material finamente particulado, os aerossóis que, temporariamente, reduzem a temperatura atmosférica. A ação dos aerossóis é comparada a uma miríade de pequenos espelhos que refletem para o espaço parte da radiação que chega do Sol.

Dados relativos aos anos 90, obtidos por pesquisadores da University of Massachusetts, sugerem fortemente que este período foi o mais quente dos últimos 1000 anos, com o ano de 1998 batendo o recorde de calor.

Como o aquecimento tem se mostrado menor que o previsto pelas modelagens físico-matemáticas, a principal ferramenta de trabalho dos climatologistas, a dedução natural é que parte dos estoques de gás carbônico foi absorvido pelos oceanos. Com isso, os especialistas pensam que está sendo montada uma bomba de calor que, mesmo que as emissões fossem paralisadas agora, o que é impossível de ocorrer, faria com que a atmosfera ainda sofresse aquecimento pelos próximos dez anos.

O aquecimento da atmosfera e do corpo inteiro da Terra por liberações constantes de gás carbônico é considerado o pior desastre ambiental da história da civilização. Comparado ao efeito-estufa, o desaparecimento do Mar de Aral pelo desvio das águas de dois rios que o alimentavam, é um desastre menor, pois é um acontecimento localizado, se é possível dizer que ocorrências desta escala possam ter efeitos localizados, do ponto de vista ambiental.É neste contexto que deve ser observada a crise de energia elétrica no Brasil. Por dispor de hidrelétricas e não de termoelétricas, alimentadas por combustíveis fósseis, o Brasil tem emissões comparativamente reduzidas de gás carbônico.

Um dos maiores focos de emissão de gás carbônico no Brasil são as queimadas registradas especialmente na Amazônia para a formação de pastagens. A pecuária é uma forma tradicional de posse de terras no Brasil e mesmo a pressão ambiental que elas provocam, com o inconveniente adicional de perda de biodiversidade, ainda não foram suficientes para alterar essa prática arcaica, tanto do ponto de vista ambiental quanto social.
A necessidade de construir termoelétricas, movidas a gás, deve aumentar as emissões de gás carbônico pelo Brasil, advertiu o físico e especialista em energia Luiz Pinguilli Rosa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), num encontro no final de junho para debater esta crise.

Ao liberar mais gás carbônico o Brasil estaria em contradição com o Protocolo de Kyoto, acordo que assinou e defende nos foros internacionais para a diminuição global dessas emissões. Mais que isso, estaria na contra-mão de uma mudança de rumos observada em países até recentemente grandes e, aparentemente, despreocupados emissores deste gás, caso da China. O consumo de carvão na China (24%), que divide com os Estados Unidos (26%) a metade do consumo mundial dessa fonte de energia, caiu 4% ao longo da década passada, com 25% desta redução concentrada entre 1997 e 1999. Essa alteração ocorreu pela desativação de indústrias obsoletas e aumentos no consumo de gás.

Os Estados Unidos, que se negam a assinar o Protocolo de Kyoto e com isso têm merecido uma condenação internacional, ao contrário da China, aumentaram em 11% seu consumo de carvão, especialmente de qualidade inferior, de acordo com estimativas do Worldwatch Institute.
Por tudo isso, antes que chegue a prometida Idade do Hidrogênio, as temperaturas na Terra devem subir. O aquecimento global não significa que todas as partes do planeta ficarão mais quentes. Ao contrário. Algumas podem até esfriar pela alteração de correntes marinhas e regimes de ventos.

Os cenários para esses eventos não são nada tranquilizadores: tendência a elevar o estresse hídrico que já é crítico em muitas partes, perdas de florestas por queimadas, destruição de florestas nas bordas do Círculo Polar Ártico que tende a se aquecer, perdas na agricultura, por mudanças de temperaturas e regime de chuvas, perda de biodiversidade com espécies animais, muitas delas endêmicas, incapazes de readaptações num período de tempo tão curto, subida dos níveis oceânicos tanto pelo derretimento de gelo das calotas polares quanto dos cumes montanhosos e elasticidade térmica das águas oceânicas, tempestades violentas e destruidoras especialmente nos países subdesenvolvidos, onde as populações vivem em áreas degradadas, ou sensíveis a fenômenos naturais como chuvas intensas.

O espalhamento de doenças como malária e cólera são outras das conseqüências de mudanças climáticas produzidas por fontes de energia que liberam gás carbônico. Pesquisadores norugueses estimam que, por volta de 2050, durante a vida de boa parte da população que já vive no planeta, os verões no Ártico, mais quentes que os da Antártida pela concentração próxima de terras, estarão livres de gelo.A Era do Hidrogênio como fonte energética livre de emissões de gás carbônico se anuncia sob a forma de células de combustível. A Daimler-Chrysler pretende colocar um ônibus no mercado europeu, já no ano que vem, movido por essa fonte de combustível que libera água em vez de gás carbônico. Embora o vapor d'água também pertença do clube do efeito-estufa, os problemas, neste caso, são comparativamente inofensivos. Em 2004 esta empresa pretende colocar 100 mil automóveis com essa propulsão no mercado. Toyota e Honda também trabalham nessa direção.

Por enquanto, o hidrogênio é mais utilizado como propulsor de foguetes para atividades espaciais. É da exploração espacial que as células de combustível estão migrando para as atividades rotineiras na superfície da Terra. Essa não é a primeira nem deverá ser a última das transferências de conquistas do espaço para a Terra. Os exemplos, neste caso, vão do marca-passo cardíaco e uma infinidade de exames médicos à previsão do tempo, pesquisas ambientais e rotas de navegação para aviões e navios. Deveriam fazer com que muitas pessoas, que desprezam as atividades espaciais, reavaliassem seus pontos de vista e abrissem suas mentes para os presentes que o futuro promete. Mas essa é uma alteração lenta que esbarra em obstáculos até de origem religiosa.

Enquanto o hidrogênio se insinua no cotidiano dos 6 bilhões de moradores da Terra, fontes de energia alternativas como a solar, eólica e das marés, especialmente, podem e devem, contribuir para minimizar as emissões de gás carbônico. Para isso é preciso desenvolver uma nova mentalidade, envolvendo especialmente a educação. Neste sentido, a crise energética no Brasil parece não ter muita contribuição a dar. Na opinião praticamente unânime dos especialistas, ela resultou de negligência e incompetência do governo em adotar uma posição preventiva, o que seria de se esperar de governos que têm uma visão estratégica para seus países. Mas nem tudo está perdido. A discussão, neste sentido, está apenas começando e, exatamente por se tratar de energia, certamente não poderá terminar em pizza.

Ulisses Capozoli, jornalista especializado em divulgação de ciência é historiador da ciência e presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC)

28 de março de 2008

Conceito de Behavior-Based Safety (Segurança Baseada no Comportamento)

A Segurança Baseada em Comportamento (Behavior-Based Safety), ou Segurança Comportamental, é o uso da psicologia comportamental para promover a segurança no ambiente de trabalho, no trânsito e na área de saúde. A Segurança Baseada em Comportamento, dentro de uma organização, envolve tipicamente criar uma sistemática, um processo contínuo que define um conjunto de comportamentos que reduzem o risco de lesões relacionadas ao trabalho, coletar dados sobre a freqüência de práticas críticas de segurança e, então, garantir que o feedback e o princípio de reforçamento encorajem e apóiem aquelas práticas críticas de segurança.

Num processo comportamental típico, os empregados conduzem observações e fornecem o feedback aos colaboradores dentro de suas áreas de trabalho. Essas observações fornecem dados que são usados para o reconhecimento e solução de problema e a melhoria contínua. (Terry McSween, PhD)
Critérios essenciais para que um programa seja considerado de segurança comportamental:
  • Que ele envolva participação significativa da força de trabalho. Não deve parar no nível gerencial;
  • Vise comportamentos seguros específicos;
  • É baseada na coleta de informações sobre comportamentos observáveis;
  • Envolve processos de tomada de decisão baseada nos dados de observação;
  • Envolve intervenção sistemática de observação e de melhoria;
  • Utiliza feedback focado e contínuo no desempenho; e
  • Requer visível manutenção de apoio dos gerentes e da supervisão de linha de frente.

As conseqüências de um sistema de Segurança Baseada em Comportamento que seja bem planejado e bem implementado conduzem a:

  • Índices reduzidos de incidentes, acidentes e lesões;
  • Maior freqüência de comportamentos seguros;
  • Redução dos custos de acidentes;
  • Aceitação do sistema por todas as pessoas envolvidas;
  • Generalização do procedimento para outros sistemas de trabalho;
  • Acompanhamento regular e rápido para implementação de melhorias;
  • Aumento e melhoramento do relatório de falhas, incidentes e acidentes, pois se valoriza a comprometimento com a segurança; e
  • Aumento das habilidades de gerenciamento positivo.

26 de março de 2008

Artigo 3: Computadores fazem mal à saúde?

Durante muito tempo a segurança do trabalho foi vista como um tema que se relacionava apenas com o uso de capacetes, botas, cintos de segurança e uma série de outros equipamentos de proteção individual contra acidentes.

A evolução tecnológica se fez acompanhar de novos ambientes de trabalho e de riscos profissionais a eles associados. Muitos desses novos riscos são pouco ou nada conhecidos e demandam pesquisas cujos resultados só se apresentam após a exposição prolongada dos trabalhadores a ambientes nocivos à sua saúde e integridade física.Hoje, o setor de segurança e saúde no trabalho é multidisciplinar e tem como objetivo principal a prevenção dos riscos profissionais. O conceito de acidente é compreendido por um maior número de pessoas que já identificam as doenças profissionais como conseqüências de acidentes do trabalho.

A relação homem-máquina, que já trouxe enormes benefícios para a humanidade, também trouxe um grande número de vítimas, sejam elas os portadores de doenças incapacitantes ou aqueles cuja integridade física foi atingida. Entre as máquinas das novas relações profissionais, os computadores pessoais têm uma característica ímpar: nunca, na história da humanidade, uma mesma máquina esteve presente na vida profissional de um número tão grande e diversificado de trabalhadores.

Diante desses fatos, muitas dúvidas têm sido levantadas sobre os riscos de acidentes no uso de computadores. Entre eles destacam-se os chamados riscos ergonômicos. A Ergonomia é uma ciência que estuda a adequação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.

A legislação trabalhista brasileira já reconhece a importância dessa ciência e dedicou ao tema uma Norma Regulamentadora específica (NR-17). Entre os riscos ergonômicos, aqueles que têm maior relação com o uso de computadores são: exigência de postura inadequada, utilização de mobiliário impróprio, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade. Além desses riscos, as condições gerais do ambiente de trabalho fazem parte da avaliação ergonômica, aqui incluídos o nível de iluminamento, temperatura, ruído e outros fatores que, após analisados no local, tenham influência no comportamento dos trabalhadores.

A exposição do trabalhador ao risco gera o acidente, cuja consequência nesses casos tem efeito mediato, ou seja, ela se apresenta ao longo do tempo por ação cumulativa desses eventos sucessivos. É como se a cada dia de exposição ao risco, um pequeno acidente, imperceptível, estivesse ocorrendo. As consequências dos acidentes do trabalho desse tipo são as doenças profissionais ou ocupacionais.

A maneira verdadeiramente eficaz de impedir o acidente é conhecer e controlar os riscos. Isso se faz, no caso das empresas, com uma política de segurança e saúde dos trabalhadores que tenha por base a ação de profissionais especializados, antecipando, reconhecendo, avaliando e controlando os riscos. Para padronizar esse trabalho foi estabelecida a obrigatoriedade de os empregadores elaborarem um Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, conhecido pela sigla PPRA. Esse programa, objeto de uma Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho (NR-9), estabelece as diretrizes de uma política prevencionista para as empresas.

No caso específico dos profissionais que têm o computador como instrumento de um trabalho diário, a prevenção dos riscos ergonômicos relacionados ao seu uso deverá ser motivo de atenção e interesse, observando, entretanto, que a legislação e as normas técnicas estão inseridas no contexto maior de uma avaliação completa do ambiente de trabalho. O bem estar físico e psicológico dos trabalhadores reflete no seu desempenho profissional e é resultado de uma política global de investimento em segurança, saúde e meio ambiente.

A doença profissional mais conhecida por apresentar-se em conseqüência do uso de computadores é chamada de LER - Lesão por Esforços Repetitivos (Repetitive Strain Injury - RSI). É mister que fique claro queee essas lesões (LER) não ocorrem apenas com o uso de computadores, mas em toda a atividade profissional que exija o uso forçado e repetido de grupos musculares associado a posturas inadequadas. Uma das mais conhecidas manifestações dessas lesões, em profissionais da área de processamento de dados, é a tenossinovite. Não é nosso objetivo detalhar as características específicas dessas lesões, apenas registrar sua ocorrência e recomendar uma pesquisa específica sobre o tema se houver um interesse especial. No Brasil, a recomendação mais recente é pela utilização do termo DORT - Doenças Osteomusculaaarres Relacionadas ao Trabalho. Na Internet, usando em instrumentos de busca ( Google, por exemplo ) as palavras chaves Repetitive Strain Injury - RSI, será encontrado um vasto material de pesquisa.

Dores de cabeça e irritação nos olhos também são sintomas associados ao uso de computadores. Eles ocorrem após o trabalho prolongado e contínuo e são conseqüências da fadiga visual. A iluminação do ambiente é um fator fundamental para reduzir a incidência desses sintomas, principalmente no que diz respeito a evitar reflexos na tela do monitor. Além disso, os olhos também requerem pausas regulares para descanso, da mesma forma que os pulsos, dedos, pescoço, enfim, as partes do corpo diretamente exigidas pelo trabalho.

O stress físico e psicológico é outra conseqüência de uma utilização sem controle do computador, vinculado a jornadas longas, trabalhos em turno e noturnos. É interessante observar que a interface do programa que é utilizado também influi diretamente no desempenho e no estado geral do usuário. O trabalho intenso com um programa que tenha uma interface pouco amigável gera maior número de erros, o que é acompanhado de irritação, desconforto e cansaço. A Ergonomia também abrange estudos sobre esse aspecto da relação homem-máquina, ou seja, o desenvolvimento ou o aperfeiçoamento da interface, tornando-a cada vez mais intuitiva, direta e objetiva. Esses estudos envolvem o desenho das telas dos programas, a distribuição dos ícones, janelas e as seqüências de comandos para se alcançar determinados objetivos.

A utilização de mobiliário adequado é muito importante mas isso se constitui apenas em uma parte de um processo mais amplo que é a construção de um ambiente de trabalho seguro e saudável. O ambiente de trabalho precisa ser adequado ao homem e à tarefa que ele vai desempenhar. Quando se fala em mesas, cadeiras e teclados ergonômicos, entre outros ítens, o que efetivamente os caracteriza é a sua flexibilidade, sua capacidade de se ajustarem às características específicas dos seus usuários, aqui compreendidas, em especial, a altura, peso, idade e atribuições.

O fundamental para os usuários de computadores é saber que há procedimentos básicos para se evitar acidentes no trabalho, mesmo quando esse trabalho se concentra em uma relação homem-máquina aparentemente amigável e isenta de riscos, desenvolvida em escritórios ou mesmo em casa. Apresentamos abaixo um resumo desses procedimentos:

O monitor deve estar com sua parte superior ao nível dos olhos do usuário; A distância entre o monitor e o operador deve ser equivalente à extensão do braço; o monitor deve ser ajustado para não permitir reflexos da iluminação do ambiente; os pés devem estar apoiados no chão ou em um suporte; Os pulsos deverão estar relaxados, porém sem estarem flexionados; se há entrada de dados, deve ser usado um suporte para documentos, para evitar os movimentos repetidos do pescoço; o usuário deve fazer pausas regulares para descanso, levantar, caminhar e exercitar os pulsos e pescoço com movimentos de flexão e extensão.

A adoção desses procedimentos irá contribuir para um trabalho mais seguro, desde que as condições do ambiente estejam adequadas ao tipo de trabalho que ali se desenvolve, entendendo essas condições como o controle dos níveis de iluminamento, ruído, temperatura, umidade do ar e outros agentes cuja presença possa representar riscos.

* Ricardo Pereira de Mattos ( ripemattos@ig.com.br ) é Engenheiro Eletricista, Engenheiro de Segurança, professor convidado dos cursos de pós graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sócio efetivo da Sociedade Brasileira de Engenharia de Segurança , ex-Diretor da Sociedade de Engenharia de Segurança do Estado do Rio de Janeiro e ex-Conselheiro do CREA-RJ.

Foto do Dia: Jogo dos 100 erros.


Artigo 2: Organização do Trabalho

Fonte: www.ufrrj.com.br

Pegado (1991) considera que a Ergonomia tem os seus objetivos centrados na humanização do trabalho e na melhoria da produtividade. As condições de trabalho incluem todos os fatores que possam influenciar na performance e satisfação dos trabalhadores na organização. Isso envolve o trabalho específico, o ambiente, a tarefa, a jornada de trabalho, o horário de trabalho, salários, além de outros fatores cruciais relacionados com a qualidade de vida no trabalho, tais como nutrição, nível de atividade física habitual e todas condições de saúde em geral.

O desempenho dos indivíduos dentro de uma organização está diretamente ligado à conformidade entre os seus valores pessoais e os valores da organização, ou seja, a cultura, e o clima organizacional. É evidente, também, que em função desta conformidade, o empregado passa a sentir-se como parceiro e participante do processo, resultando a sua conveniência dentro da organização não somente na satisfação das suas necessidades econômicas, mas também, na realização das suas necessidades de auto realização profissional dentro de um ambiente de trabalho bastante agradável.

Segundo a Norma Reguladora do Ministério do Trabalho relativa à Ergonomia - NR-17, a organização do trabalho deve ser adequada às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado. Para efeito desta NR, deve levar em consideração, no mínimo:

as normas de produção;
o modo operatório;
a exigência de tempo;
a determinação do conteúdo de tempo;
o ritmo de trabalho; e
o conteúdo das tarefas.

Iida (1993) define a Ergonomia como o estudo da adaptação do trabalho ao homem. Neste contexto o autor alerta para a importância de se considerar além das máquinas e equipamentos utilizados para transformar os materiais, também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e o seu trabalho, ou seja, não apenas o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais de como esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados desejados.

Os serviços realizados na zona rural, via de regra, caracterizam-se por trabalho intensivo onde freqüentemente exige-se dos agricultores alta produtividade em tempo limitado, porém em condições inadequadas de trabalho, com problemas de ambiente, equipamentos e processos. Tais condições acabam levando à insatisfações, cansaços excessivos, queda de produtividade, problemas de saúde e acidentes de trabalho.

Produtividade e qualidade não se alcançam com treinamento puro e simples de pessoal mas andam de mão dadas com outros critérios ergonômicos, os quais têm como principal campo de ação a concepção de meios de trabalho adaptados às características fisiológicas e psicológicas do homem e de suas atividades (Odebrecht et al, 1993).

A pressão temporal da produção e a pouca flexibilidade do sistema, como problemas gerados pelas características do produto envolvendo perecibilidade e cuidados de manipulação (como é o caso da produção de leite), e a necessidade da produção ter que ajustar-se aos horários de entrega ou transbordo do produto ao laticínio, criam situações de tensão.

Para corrigir essa situação, diversas fazendas/empresas rurais estão buscando filosofias administrativas cujo foco são as necessidades dos agricultores, uma vez que a capacidade do trabalhador é o mais importante fator de produtividade levando-se em conta que a capacidade humana é fortemente afetada pelas normas de produção, projetos de produtos ou serviços, layout das instalações e projeto dos equipamentos.

Em relação aos recursos humanos, diversos autores (Duke e Sneed, 1989; Vyskocil-Czajkowski e Gilmore, 1992; Visocan et al, 1993; Hsieh et al, 1994), têm considerado as características do trabalho como um significante fator predisponente para a satisfação do trabalho e ao mesmo tempo capaz de reduzir as taxas de absenteísmo e turnover, aumentar a produtividade, melhorar a moral, a motivação e desempenho dos trabalhadores, ajudar no recrutamento, na base de conhecimento e técnicas de trabalho.

A análise ergonômica do trabalho, conduzida de maneira ampla e procurando observar o contexto organizacional e de trabalho, permite identificar e avaliar como as diversas condicionantes tecnológicas, econômicas, organizacionais e sociais afetam o trabalho dentro da empresa e conduz ao estabelecimento do quadro geral de necessidades da organização (Gontijo e Souza, 1993).

Soluções para o(s) problema(s)

Kazarian (1989) e Kotschevar (1985) têm escrito extensivamente sobre produtividade e ambos advertem que o melhor caminho para alcançar a produtividade é planejar áreas de trabalho de forma que os trabalhadores não tenham que alcançar objetos e se deslocar além de certos limites, pois se as limitações e capacidades do homem, forem respeitadas na sua atividade de trabalho, isso proporcionará uma performance mais criativa, mais inteligente e portanto mais eficiente.

Segundo Hotchkin (1979), vários experts têm advertido para uma melhor administração de pessoal, incluindo treinamento, maior motivação, estudos de tempo e movimento e simplificação do trabalho. Alguns consultores e projetistas de equipamentos recomendam melhor layout e equipamentos modernos para reduzir o trabalho.

Um aspecto interessante das questões discutidas aqui, é que a motivação de um trabalhador não depende unicamente do administrador, mas é um processo que vem de dentro e é afetado pelo ambiente de trabalho e estilo administrativo do administrador. Isso nos leva a pensar na relação entre produtividade e aspectos culturais.

Artigo 1: Absenteísmo no Trabalho

Por Flávio Martins da Costa *
ABSENTEÍSMO
Um dos referenciais importantes na administração de recursos humanos é o acompanhamento do absenteísmo, que é a indicação da incidência de faltas e atrasos dos empregados no trabalho.
O absenteísmo gera enormes problemas na empresa, tais como retardamento/perda de ritmo no desenvolvimento dos trabalhos, descontentamento de clientes que não são atendidos por ausência ou atraso de empregado.
É preciso agir sobre as causas para estacar o prejuízo da empresa e melhorar o nível de satisfação dos empregados.
Entre as causas de absenteísmo na empresa podem ser encontradas doença pessoal ou de familiar, problemas de transporte, problemas climáticos (chuva, etc), desmotivação do trabalhador, dificuldades financeiras. Alcoolismo, supervisão falha da chefia e atrasos ou faltas involuntárias por motivo de força maior.
Para se mensurar o absenteísmo na empresa existe o índice de absenteísmo.
Antes de se falar em índice de absenteísmo, é preciso saber a preocupação maior da empresa, se ela quer ver para que se utilize a formula de cálculo mais adequada:
- Índice que considera as faltas por qualquer natureza e não atrasos:
Número de homens/dias perdidos por ausência ao trabalho
IA = ------------------------------------------------------------------x100
Efetivo médio x número de dias trabalhados
- Índice que considera uma causa específica, como por exemplo ausências por comparecimento ao serviço médico público
Número de homens/dias perdidos por ausência ao trabalho por comparecimento ao serviço médico público
IA=--------------------------------------------------------------------x100
Efetivo médio x número de dias trabalhados
Uma fórmula considera tanto faltas de dia inteiro como atrasos de meio expediente ou menores.
Número de homens/horas perdidos
IA=---------------------------------------------------------------------x100
Efetivo médio x número de dias trabalhados
ROTATIVIDADE DE PESSOAL
Outro referencial muito importante na administração de recursos humanos é o acompanhamento da rotatividade de pessoal que considera a relação percentual entre admissão e desligamento de pessoas do quadro da organização e o número médio do quadro de pessoal.
Para gerar dados para acompanhamento e comparações, bem como análise de tendências, a critério da empresas os índices de rotatividade podem ter a sua periodicidade definida a critério da empresa, podendo ser por mês, ano, etc.
Quando a rotatividade de pessoal é muito grande nas empresas ocorre enorme prejuízo acarretado por custos, entre outros, de:
- Recrutamento e seleção;- Processamento da admissão;
- Exames médicos admissionais e demissinais;
- Treinamento introdutório ou de integração;
- Excedente de pessoal necessário para cobrir o índice derotatividade;
- Período necessário à adaptação do empregado à empresa e ao trabalho a ser nela exercido.
Podem ser diversas as causas de rotatividade de pessoal, entre elas a insatisfação quanto à política salarial da organização, ofertas mais atraentes por outras empresas, descontentamento quanto ao local de trabalho (distância, estrutura física, ambiente em geral, etc), insatisfação quanto à supervisão, política de benefícios insuficiente, problemas de relacionamento com os colegas, insatisfação/inadaptação à função exercida pelo empregado, política inadequada de desenvolvimento e crescimento profissional, critérios de avaliação de desempenho.
CÁLCULO DO ÍNDICE
1-Índice de Rotatividade Geral
(Admissões + Demissões/2) x 100
IRG= ---------------------------------
Efetivo Médio
Onde o efetivo médio é a soma do efetivo no início e fim do período considerado dividida por 2.

2-Índice de Perdas

Demissões x 100
IP= ----------------------------------
Efetivo médio no período
3-Índice de Perdas por Causa Específica

Demissões pela causa específica x 100
IRCE= ---------------------------------
Efetivo Médio no Período
Com estes índices a empresa poderá atuar na diminuição da rotatividade.
Mas em caráter preventivo a empresa deverá buscar a eliminação das causas da rotatividade com uma gestão com boa política de recursos humanos que busque eliminar as causas.
Apresentado o desejo do empregado de se desligar da organização, cabe ao supervisor imediato conversar com no sentido de reverter o seu desejo, eliminando, dentro do possível, as causas do desligamento.
Mantido o interesse do colaborador de se desligar da organização é importante que seja feita, em caráter confidencial, uma entrevista de desligamento, quando um profissional devidamente preparado, fará junto ao empregado uma conversa no sentido de levantar as causas efetivas da saída. Essa entrevista permitirá a coleta de dados para eliminação de causas e um encerramento de uma relação profissional menos traumático.
Flávio Martins da Costa é consultor e palestrante, autor dos livros “Socorro, Não Tenho Tempo!!”, “Socorro, Meu Dinheiro Está Sumindo!!” e “Excelência no Atendimento ao Cliente”.