22 de junho de 2009

Saúde falada em sinais

Respeito aos direitos Profissionais da rede pública de RP têm curso de libras para melhorar a comunicação com os pacientes.

GUILHERME TAVARES
Gazeta de Ribeirão
guilherme.tavares@ gazetaderibeirao .com.br

Pelo menos 15 funcionários da rede pública de saúde de Ribeirão Preto recebem desde o início do mês aulas de linguagem brasileira de sinais (libras) para otimizar o atendimento a pacientes com deficiência auditiva. O objetivo é ensinar sinais específicos da área da saúde para melhorar a comunicação entre enfermeiros, dentistas, recepcionistas e portadores de necessidades especiais.

Há programação para receber mais turmas até o final do ano, para que haja pelo menos um profissional capacitado em libras em cada uma das 34 unidades de saúde do município. “A comunicação dessas pessoas é muito difícil e isso muitas vezes prejudica o atendimento.

Pensando nisso, fomos atrás de uma parceria para melhorar esse atendimento”, disse Bruno Cobra, psicólogo da SMS que coordena o projeto.Muda desde o nascimento, a moradora da Vila Virgínia Erla Mirilanda de Almeida, 34 anos, teve problemas em uma consulta médica. “Ela entrou na sala sozinha, não pude acompanhar no dia, e o médico receitou um remédio achando que ela estava grávida”, disse a prima Alzira da Cruz, 51, que mora com Erla.

“Em casa, aprendemos a nos comunicar, faço alguns gestos e ela entende o que é para fazer”, disse Alzira.“Os médicos têm dificuldade em atender esse tipo de paciente. Muitas vezes não têm como dar diagnóstico ou não conseguem marcar um retorno. Não é raro um paciente com deficiência auditiva saber ler apenas parcialmente” , disse Luciana Andrade Rodrigues, professora de libras que ministra as aulas para os agentes de saúde.

Nas aulas, os alunos contam quais são as principais terminologias que usam diariamente nas unidades de saúde para que a professora possa ensinar a comunicação com as mãos. “Se essas pessoas não forem tratadas com dignidade, não conseguirem se comunicar, estaremos ferindo seus direitos de cidadãos. Os deficientes auditivos devem ter direito a esses serviços prestados”, disse Luciana.

O auxiliar de enfermagem Ronildo Laranjeira Rosa, 41, atende famílias que têm membros com deficiência auditiva. “Já fiz um curso desses uma vez, mas achei que era hora de retomar as aulas para me atualizar.”Objetivo é melhorar atendimentoO curso de libras oferecido aos servidores da rede municipal de saúde faz parte do trabalho de humanização do atendimento de toda a rede, promovido pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Desde o mês passado, são feitos cursos e treinamentos com os profissionais da rede para melhorar o atendimento à população, principalmente na recepção dos pacientes.No mês passado, as orientações foram dadas aos funcionários das unidades da Vila Albertina e Vila Abranches, e agora em junho foram feitas na Unidade de Saúde da Família da Estação do Alto.

“É preciso resgatar valores humanitários para melhorarmos as relações, principalmente quando se trata de uma pessoa que chega a uma unidade, doente, e precisa de atenção especial”, disse Bruno Cobra, psicólogo da SMS que promove os treinamentos.Segundo a SMS, o treinamento será oferecido aos profissionais de todas as unidades de saúde que, ao final, receberão um certificado de participação. (GT)

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