18 de agosto de 2008

Airbag reduz lesão em 59%, mas não abre em toda colisão

Sensores instalados em diferentes pontos do carro só acionam as bolsas de ar referentes ao tipo de acidente

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA - DA REPORTAGEM LOCAL

Fora das telas do cinema não existem dublês. O ator Morgan Freeman sabe disso: no início deste mês, ele sofreu um grave acidente de carro nos EUA. Foi salvo pelo cinto de segurança, mas sofreu lesões nos braços.Seu Nissan Maxima 1997 era equipado com airbags frontais, que não abriram na hora do capotamento. Se o sistema tivesse funcionado, reduziria o risco de ferimento em 59%, segundo estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde).
A Nissan americana, por e-mail, não explica por que o airbag não funcionou. Só afirma que não seria apropriado comentar o assunto, pois não está envolvida nas investigações.
Segundo André Horta, analista de segurança do Cesvi (Centro de Experimentação e Segurança Viária), o airbag só é acionado quando o veículo está acima de 16 km/h e sensores, geralmente instalados na dianteira, detectam uma desaceleração violenta ou uma deformação do chassi por impacto.
A maioria dos airbags, porém, não é acionada em qualquer batida. De acordo com a fabricante TRW Automotive, só se o veículo capotar, por exemplo, os airbags de cortina (que protegem a cabeça) serão acionados. No acidente de Freeman, nem os dianteiros se encheram de ar.
Para Leandro Oliveira, assessor técnico da Volvo, é possível que os sensores não tenham a mesma "leitura" da desaceleração, que, nos carros da marca sueca, precisa ser de 3G (três vezes a força da gravidade).Assim, esses sensores não "avisariam" a unidade controladora do airbag para liberar o gás que infla as bolsas em 30 milissegundos. Em até 150 milissegundos, elas já estão murchas de novo -um piscar de olhos dura 100 milissegundos.
Oliveira ainda afirma que, nos Volvo, há um sensor de ocupante -percebe se há passageiro na frente para acionar ou não a bolsa- e outros nas colunas "B" e nas portas, para airbags laterais e de cortina.Outra hipótese para o acidente do ator é que o airbag não estivesse funcionando. O carro que dirigia já tinha 11 anos, um a mais do que a vida útil das bolsas. Nesse caso, devem ser trocadas, e não reparadas.No Brasil, apenas 1 em cada 5 carros novos estão equipados com airbags frontais. Entre os "populares", a média cai para 5%.
"É preciso encomendar e esperar pelo carro nessa configuração", afirma Carlo Gibran, gerente de marketing da Bosch."A pouca oferta de modelos com airbag para pronta entrega inibe o consumo, mesmo para quem busca segurança."

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