1 de agosto de 2008

A Importância da Gestão do Conhecimento nas empresas

Autor: Cristiano Cecatto
A indústria, em todos os cantos do planeta, sempre viveu ciclos fundamentais para o seu desenvolvimento. Atualmente, empresas pequenas, médias ou grandes são o que são graças à estas constantes mudanças da indústria mundial. Do período em que a produção em massa ditava as normas do crescimento, passando pela fase da velocidade de produção, pela chegada, crescimento e difusão da tecnologia, muito mudou. Hoje em dia, o período que vivemos é o do conhecimento.
Assim, de alguns anos para cá muito se tem ouvido falar em Gestão do Conhecimento. Tudo começou no início da década de 90, quando várias empresas que viam seus funcionários mais antigos irem embora passaram a notar o prejuízo que isto causava. Em muitos casos, os substitutos não conseguiam resolver situações corriqueiras para os seus antecessores, e a chegada do prejuízo era mera questão de tempo.
Opiniões de empresários, de pensadores e dos mais experimentados consultores garantem que, no futuro, a maior parte do lucro estará nas mãos de quem melhor souber trabalhar e explorar a sua informação. De acordo com um relatório da Organização Para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 1998 mais da metade do PIB (Produto Interno Bruto) dos países desenvolvidos foi produzido pelo uso do conhecimento. Nos Estados Unidos, 25% das exportações é garantida pelos chamados bens intangíveis (softwares, consultoria, royalties e patentes, indústria cultural). Este número pode alcançar a casa dos 70% das exportações daquele país caso se leve em conta a tecnologia utilizada em bens tangíveis (por exemplo, em computadores).
Mais do que nunca, o conhecimento é um aliado fortíssimo para quem o possui. Nas últimas décadas, as empresas somente se preocuparam com a gestão de produtos e redução de custos na linha de produção. Hoje em dia, isso não é mais suficiente e não gera tanto diferencial competitivo no mercado.
O conhecimento pode ser considerado um dos melhores produtos para ser comercializado. Pode ser vendido, gerando lucro e permanecendo com seu detentor. Um exemplo simples é o de um palestrante, que tem consigo uma grande carga de conhecimento. Ele "vende" para o seu público, mas ainda o mantém. Em alguns casos, pode até ganhar mais conhecimento em uma palestra, se considerarmos a possibilidade do palestrante aprender com as opiniões e críticas da sua audiência.
Quem tem um diferencial a mais vai mais longe. E o conhecimento é, sem qualquer dúvida, o principal diferencial. Afinal, é com ele que novas tecnologias e fórmulas positivas de trabalho surgem para a empresa.
No Brasil a gestão do conhecimento também tem espaço. Mesmo sendo uma das principais economias do planeta, o país ainda não tem uma indústria 100% competitiva. E o que fazer para mudar isso? O que fazer para aumentar a qualidade das indústrias que ainda não se sustentam? O que é preciso para solidificar o potencial dos setores onde já temos destaque positivo? Pequenas e médias empresas podem ganhar muito com a utilização da gestão do conhecimento.
Montar uma pequena empresa não é tarefa das mais complicadas. Sobreviver no mercado é o verdadeiro desafio. Passada esta etapa, só então se pode pensar em lucro e rentabilidade.
Pesquisa sobre esse assunto realizada na USP (Universidade de São Paulo) por José Cláudio Cyrineu Terra classifica três tipos de empresas na atualidade: empresas que aprendem; empresas tradicionais e pequenas atrasadas. No primeiro grupo estão as que têm maior nível de envolvimento com as práticas de gestão do conhecimento. Grupos que conseguem os melhores resultados no mercado.
De acordo com pesquisa, o segundo tipo reúne empresas que não têm tanto envolvimento com a gestão do conhecimento. Não alcançam resultados tão expressivos, garantem uma penetração no mercado externo bem menor e tem poucas chances de atrair capital estrangeiro.
Já o terceiro tipo aponta empresas que praticamente desprezam as práticas de gestão do conhecimento. São de capital predominantemente nacional, têm menor ganho recente de market share e estão, quase sempre em terceiro lugar (ou menos ainda) em termos de posição de mercado. Normalmente, não realizam qualquer atividade visando o mercado internacional.
Mesmo sendo amplamente defendida como algo de importância ímpar, a gestão do conhecimento ainda não é totalmente aceita. O número de empresas que se mantém fiel aos métodos antigos, quase sempre ultrapassados e em desuso no mercado internacional, é imenso no Brasil. Muitos administradores acreditam que para se enquadrar às exigências de mercado basta empreender investimentos fabulosos em tecnologia. Mas é necessário, de fato, um capital intelectual muito forte para trilhar os caminhos certos.
Além dos fluxos de informação e de trabalho, uma empresa possui fluxos cognitivos entre os "trabalhadores intelectuais" (aqueles que ditam os rumos a serem seguidos). A gestão do conhecimento tem como meta guiar esses fluxos para um verdadeiro patrimônio de conhecimento que possa ser usado com grande permanência na estrutura da empresa.
Aliando isso com o constante apoio à formação de funcionários, especialização daqueles que já têm algum tipo de conhecimento superior, tudo será mais fácil para quem administra uma empresa. Se, além disso, a empresa ainda tiver a mente aberta para realizar intercâmbios com outras empresas, promover troca de experiências, a capacitação de todos será ainda maior.
O que pretendemos mostrar é que as empresas têm que estar atentas às mudanças do mundo. Quem estagnar, hoje mais do que nunca, vai desaparecer inevitavelmente. É preciso estar sempre aprendendo e se adaptando.

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